A antiguidade pagã concedeu inúmeras divindades... Desde o sol até um ressequido tronco de árvore, uma besta selvagem ou um fantasioso monstro, tudo era endeusado e em sua honra se ofereciam até os mais absurdos sacrifícios humanos. O homem recorria, pois, aos estranhos desvarios da sua imaginação para satisfazer a necessidade instintiva de remontar à causa primeira do Universo. Entretanto, em meio a tantos deuses, não se conhece algum cuja representação tenha sido a de um bom pai, realidade tão simples, que, talvez por isso mesmo, nem fosse considerada. Mas era essa a imagem mais completa que, de seu verdadeiro Criador, o homem naturalmente poderia conceber.
Mesmo o povo eleito, quando invocava oralmente seu Criador, usava a expressão “Adonai” (Senhor), substituindo o nome revelado por Deus a Moisés (“YHWH”, Javé), o qual, após o exílio da Babilônia podia ser pronunciado mais. Por outro lado, a utilização do termo “pai”, em relação a Deus, aparece escrito em algumas passagens do Antigo Testamento, em três sentidos:
A) Deus é chamado “Pai” enquanto constituiu para si um povo e uma linhagem real: “É assim que agradeceis ao Senhor, povo frívolo e insensato? Não é ele teu Pai, teu Criador, que te fez e te estabeleceu?” (Ex 4,22); Deus, referindo-se ao filho do rei Davi, diz: “Eu serei para ele um pai e ele será meu filho primogênito” (2 Sm 7, 14).
B) Deus é comparado a um pai: “tratá-los-ei benignamente como um pai trata com indulgência o filho que o serve” (Ml 3, 17); Como um pai tem piedade de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem” (Sl 102, 13); “A estes provastes como um pai que corrige, mas a outros provastes como um rei severo que condena” (Sb 11, 10).
C) Em tempos messiânicos, Deus será considerado verdadeiramente um pai. “Um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; […] e ele se chama: Conselho admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz” (Is 9,5); “Que lugar; dissera eu, vou conceder-te entre meus filhos […]? E eu acrescentara: Chamar-me-às: meu pai, e não te desviarás de mim” (Jr 3, 19); “ Cerquemos o justo […]. Ele se gaba de conhecer a Deus e se chama a si mesmo filho do Senhor! [...] e gloria-se de ter Deus por pai” (Sb 2, 12-13. 16).
Mas, tais referências não deixam de ser prenúncios em relação à verdade que Nosso Senhor Jesus Cristo iria claramente revelar; a adoção sobrenatural, a participação dos homens na própria natureza divina.
Fonte: A oração, curso de férias julho de 2013.
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