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sábado, 24 de novembro de 2012

Medalha Milagrosa - conheça sua bela história

Conheça a bela história de Nossa Senhora das Graças, cuja festa comemora-se no dia 27 de novembro.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Quanto ganha um rei?

Percorrendo seus vastos domínios, com altivez e orgulho, o monarca queria saber quanto ganhava cada trabalhador daquelas propriedades. Só não podia imaginar que não ganhavam eles menos do que o rei...
Irmã Ana Lúcia Iamasaki, EP
O rei Rigoberto era extremamente poderoso, pois seus domínios se estendiam das montanhas ao mar. O reino era próspero e havia grande harmonia entre os súditos. Todas as dificuldades de relacionamento surgidas entre os habitantes eram resolvidas na catedral, pelo Bispo do lugar, Dom Edmundo. Homem sábio e santo, não usava ele como argumento de juízo senão os Dez Mandamentos. Desta forma, se sabia onde estava a verdadeira razão nos casos conflituosos e tudo voltava à paz. A cada domingo, as Missas eram bem concorridas. Depois do sermão do Prelado, as filas dos confessionários se enchiam e os padres coadjutores eram testemunhas da imensa virtude e boa vontade daquela tão piedosa população.
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Em uma clara manhã de primavera, o monarca
se despertou decidido a explorar
seu vasto território

Apesar de tudo isso, o rei não era muito dado à Religião. Sempre ia à Missa, é claro! Até tinha um trono no presbitério. Mas não fazia mais do que isso...
Ao contrário dos vassalos e da rainha, não rezava nada e era assaz orgulhoso. Nas reuniões do Conselho Real, manifestava enorme ambição, querendo aumentar mais e mais sua renda e bem-estar particular, nunca estando plenamente satisfeito com os resultados. Nem mesmo o fato de ele não ter inimigos com quem guerrear e sua gente ser de paz o deixava contente.
Em uma clara manhã de primavera, o monarca se despertou decidido a explorar seu vasto território, para vê-lo com os próprios olhos e analisar se poderia fazer algo para aumentar seus benefícios pessoais. Mandou arrear o mais belo corcel da cavalariça, vestiu o sedoso traje de montaria de veludo, calçou as lustrosas botas de pelica com as esporas de ouro e adornou- se com sua mais bonita capa, preparando-se para a longa cavalgada. Acompanhado dos pajens e do chanceler real, saiu do palácio a galope.
As flores estavam em pleno vigor e coloriam os jardins. O trigo dourava os campos, as uvas perfumavam as vinhas, os moinhos giravam com a força do vento, esmagando os grãos para a farinha mais fina, e os rebanhos de bois, vacas, cabras e ovelhas pastavam mansos nos extensos e verdes campos de sua propriedade.
O soberano foi ficando animado por ver a beleza e a grandiosidade de suas posses. Contudo, algo o intrigava. Quanto deveria ganhar aquela gente corada e saudável, para trabalhar tão contente? Ele, que tanto possuía, não tinha tal felicidade... Aproximou-se do moleiro e disse:
Bom dia, senhor moleiro! Surpreso pela inesperada chegada real, limpando as mãos no avental e tirando o gorro, respondeu ele, com respeito:
- Bom dia, Majestade! A que devo a honra de vossa presença?
- Estou visitando meu vasto e próspero reino. Diga-me uma coisa: quanto ganha um moleiro para trabalhar no meu moinho?
- Ah, Majestade! Ganho 50 moedas reais e uma casinha, onde me abrigo com minha família. Não é muito, no entanto, vivemos bem, pela graça de Deus.
O rei se despediu e esporeou o cavalo, pensando: "Como alguém pode viver feliz com apenas 50 moedas? Isso não dá para nada!".
Aproximando-se das parreiras carregadas, viu vários vinhateiros na lida: alguns colhiam as uvas, outros trabalhavam no lagar. À chegada de tão nobre personagem, todos tiraram os chapéus de abas largas, fazendo uma reverência. Chamando o capataz, disse:
- Bom dia, jovem!
- Bom dia, Majestade! - respondeu o rapaz, cheio de veneração - Que ares trouxeram tão augusta presença a este lugar?
- Estou inspecionando meus domínios. Diga-me uma coisa: quanto ganham seus subalternos para trabalhar na minha vinha?

- Cada um deles, Majestade, ganha 60 moedas reais e mais uma gratificação pelas horas extras, no tempo da colheita, além da manutenção de suas famílias. Não é tanto, porém, vivemos com certa folga e agradecemos a Deus por não faltar trabalho.
Vendo a fisionomia sorridente de todos eles, despediu-se o monarca, ainda mais intrigado: "Ganham tão pouco e ainda agradecem a Deus?! Como pode ser isso?".
Ao meio-dia, chegou a um campo aberto, onde pastava um sereno rebanho de ovelhas. Encontrou o pastor com as mãos postas e o olhar elevado, rezando o Angelus. Ao terminar a oração, depois de um solene sinal da cruz, ele se virou para o rei e, fazendo uma inclinação profunda, tirou o chapeuzinho de feltro, dizendo com um franco e sincero sorriso:
- Majestade! Que surpresa!
- Bom dia, senhor pastor! Estou percorrendo minhas propriedades. Diga-me uma coisa: quanto ganha um pastor para guardar o meu rebanho?
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Ao ser indagado pelo rei o pastor respondeu: "Um
pastor em vossos campos, Majestade, ganha
o mesmo que o rei!"

Olhando fixamente para o soberano, respondeu ele com firmeza:
- Um pastor em vossos campos, Majestade, ganha o mesmo que o rei!
Tendo um sobressalto, este redarguiu:
- Como se atreve a dizer isso?! Um pastor não pode ganhar muito mais do que um moleiro ou um vinhateiro, e eles não passam nem perto dos lucros do rei! Sabe você quanto ganha um rei?
- Ora, Majestade. Com meu trabalho e minha vida, o que ganho eu é o Céu ou o inferno, dependendo de minha conduta. Vossa Majestade não pode ganhar nem mais, nem menos...
Ante tal resposta, o monarca caiu em si e compreendeu não ter valor nesta vida senão o que nos prepara para a outra... Mais importa ajuntar tesouros no Céu! E era isso o que fazia seu povo, razão de tão autêntica alegria.
Voltando para o palácio, o rei apeou do cavalo e dirigiu-se a pé para a catedral, a fim de buscar o santo Bispo, pois queria fazer uma boa Confissão e retomar a vida de piedade, abandonada há tanto tempo. Agora desejava entesourar no Céu e ser feliz! Os bons exemplos que passou a dar, a partir de então, não só lhe trouxeram proveito para si, senão mais graças e prosperidade para o povo e para o reino.
Revista Arautos do Evangelho, Julho/2012, n. 127, p. 46-47

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Meia hora menos...

Apesar de ser muito inteligente e esforçado, Gustavo continuava tirando notas baixas. Foi então que recebeu aquele inespo conselho: "Estude meia hora menos...".
Irmã Daniela Ayau Valladares, EP
A família de Gustavo era simples, mas muito religiosa. Desde bem pequenino, todas as manhãs, a avó, dona Esmeralda, o levava à Missa, e o menino se encantava com os acordes do órgão, com a luz do Sol entrando pelos vitrais, colorindo as paredes da igrejinha antiga de seu povoado e, sobretudo, com a sonora sineta que tocava durante a consagração. Impressionava-lhe ver aquela nave cheia de homens e mulheres que se ajoelhavam para adorar a Hóstia Consagrada, enquanto a vovó sussurrava-lhe cheia de fé:
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O menino crescia cheio de piedade
e inocência

- Veja, Gustavinho, ali está Jesus! Terminada a Celebração Eucarística, antes de voltarem para o lar, a boa senhora tomava o neto pela mão e levava-o para visitar Maria Santíssima no altar lateral, onde se encontrava uma bela imagem da Virgem do Carmo.
À noite, o pai chegava em casa cansado do trabalho. Contudo, depois de jantar e rezar o Rosário em família, colocava o pequeno em seu colo e lhe contava muitas histórias dos santos e de Nossa Senhora com o Menino Jesus. E a mãe, ao dar-lhe o beijo de "boa noite" antes de dormir, nunca deixava de encomendá- -lo ao Anjo da Guarda.
Assim foi crescendo Gustavo, cheio de piedade e inocência. Por sua precocidade, logo entrou para o Catecismo da paróquia e fez a Primeira Comunhão antes mesmo da idade regulamentar, por uma concessão especial do padre Nicolau. O menino sonhava poder receber em seu peito aquele Jesus escondido sob as espécies eucarísticas que adorava desde o começo de seu uso da razão.
Sendo muito inteligente, Gustavo brilhava nos estudos. Era o primeiro da classe. Obediente e responsável, aprendia tudo com rapidez. Tão encantados estavam seus professores, que um deles, o de ciências naturais, resolveu interessar-se pessoalmente pelo futuro acadêmico do aluno. Estando o jovem na idade de cursar as séries mais avançadas, foi o mestre visitar seu humilde lar, e dirigindo-se ao pai, disse-lhe:
- Senhor Norberto, vim aqui falar do amanhã de seu filho.
- Pois não - respondeu o progenitor, um tanto intrigado...
O professor Raimundo então expôs seu plano: oferecia a oportunidade de levar o menino para a capital, onde viveria com seu irmão, que tinha um filho da mesma idade de Gustavo. Ali poderia frequentar a Escola Modelo até chegar o momento de entrar na Universidade para fazer o curso superior, que seria financiado por meio de uma bolsa de estudos. E pelo pendor que notava no dedicado aluno, seguramente se tornaria um grande médico.
Fixando o filho, o senhor Norberto encontrou dois olhinhos brilhantes de ilusão diante daquele plano de futuro tão promissor.
- Professor Raimundo - disse o pai - se Gustavo quiser eu autorizo, mas com a condição de que ele nunca deixe de ir à Missa e frequentar os Sacramentos. Os homens podem fazer quantos planos quiserem para suas vidas, mas sem a bênção de Deus nada chega a bom termo.
- Não se preocupe, senhor Norberto. Meu irmão e minha cunhada são católicos fervorosos. Gustavo estará em muito boas mãos.
Foi preparada a viagem e, logo depois das festas, Gustavo partiu para a cidade.
No primeiro ano, o jovem saiu-se muito bem. E quando voltou para casa, nas férias, os pais notaram que continuava o mesmo, responsável, cortês e muito piedoso. Porém, conforme a universidade se aproximava, as matérias iam se tornando cada vez mais difíceis. Era preciso estudar e estudar, diminuindo para isso o tempo dedicado aos atos de piedade.
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Gustavo brilhava nos estudos.
Era o primeiro da classe

Dona Giovanna, mãe de seu companheiro Eduardo, nunca deixava de convidá-lo para ir à Missa, mas ele sempre lhe respondia não ser possível naquele momento, por estar muito ocupado. Aos poucos Gustavo foi também abandonando as orações costumeiras e acabou por não mais frequentar os Sacramentos.
Ora, apesar de todo esse esforço, algumas semanas antes da prova decisiva para entrar na faculdade, suas avaliações eram ainda insuficientes. Corria o risco de não ser admitido no curso de Medicina! Muito preocupado, decidiu ir visitar a família para espairecer um pouco... Mas o fez levando uma bagagem tão pesada que o pai mal podia carregá-la: estava cheia de livros!
Depois de abraçar a mãe e a avó, alegando estar cansado da viagem, pediu licença e retirou-se ao quarto para estudar. No dia seguinte, bem cedo, dona Esmeralda bateu à sua porta, convidando-o para ir com ela à Missa, como o fazia quando era pequeno. Gustavo aceitou a contragosto.
Porém, ao entrar na antiga igrejinha e ver a luz do Sol que os vitrais filtravam, colorindo todo o ambiente, sentiu em sua alma uma grande saudade. Saudade daquele tempo em que fazia de sua visita a Jesus e a Maria o momento mais importante de seu dia. Ah! Há quanto tempo ele não recebia aquele Jesus que tanto lhe atraia desde sua mais tenra infância!
Terminada a Celebração Eucarística, o padre Nicolau veio cumprimentar dona Esmeralda e perguntou a Gustavo como seguia com os estudos.
- Não muito bem - respondeu ele - preciso recuperar umas notas para poder entrar na Universidade.
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"Não se preocupe, estude meia
hora menos... e você se
sairá bem!
"

- Ora, não se preocupe - replicou o piedoso sacerdote - estude meia hora menos... e você se sairá bem!
- Como??! - perguntou-lhe o jovem perplexo.
Sim, estude meia hora menos e empregue este tempo rezando e pedindo à Virgem Santíssima que o ajude!...
As palavras do sacerdote fizeram Gustavo cair em si. Havia constatado quão inútil era confiar nas próprias forças e dava-se conta de que nada somos sem a graça de Deus, da qual Maria é a dispenseira. Imediatamente pediu ao padre que o confessasse e fez o bom propósito de seguir aquele conselho tão salutar! Estudaria, sim, mas sempre dedicaria meia hora - ou até mais! - à oração.
O resultado não se fez esperar. Gustavo obteve notas excelentes nos exames de ingresso na Universidade e, depois de alguns anos, tornou-se um grande médico que dava sempre este conselho aos seus pacientes: - Nunca deixem de dedicar meia hora a Deus todos os dias. Não há melhor modo de obter benefícios para o corpo e para a alma!
(Revista Arautos do Evangelho, Julho/2011, n. 115, p 46-47)